Tanking? Não, obrigado.
O que não tem faltado neste arranque de temporada são surpresas, uma delas vem do Texas, de uma equipa que muitos consideravam acabar no fundo da tabela esta época. Até pode ser muito cedo para falar, mas a verdade é que os San Antonio Spurs não parecem ter entrado para este ano com muita vontade de estar entre o lote de equipas que faz “tanking” por Victor Wembanyama.
Tudo isto é, mais uma vez, obra de Gregg Popovich. É conhecimento geral que ninguém na NBA desenvolve jogadores como o lendário técnico 5 vezes campeão, e basta olhar para este plantel dos Spurs para perceber que vem aí mais uma “fornada” de talento trabalhado por “Pop”.
Impondo um basquetebol coletivo, como sempre fez, Popovich conseguiu colocar uma das equipas mais jovens da liga capaz de “bater de frente” com qualquer adversário, e, conforme a experiência e a aquisição de algumas referências no futuro, os Spurs poderão voltar a ser o exemplo de estabilidade que foram nas últimas duas décadas.
Começando por falar em todo o investimento que tem sido feito no lançamento exterior, demonstrando a adaptação ao basquetebol moderno. Os Spurs são das equipas que mais converte triplos na liga, tendo uma média de 16 por jogo, ocupando também os lugares cimeiros no que à eficácia de diz respeito. Consequentemente, os texanos detêm um dos melhores ataques da liga.
O jogo defensivo é algo que também sempre fez parte do estilo de Popovich, e estes Spurs não são exceção, embora faltem mais algumas ferramentas e trabalho físico para aprimorar esta vertente. O principal pilar da defesa é Jakob Poeltl, mas o poste austríaco conta agora com a companhia de outro europeu no jogo interior, Jeremy Sochan. O jovem polaco escolhido com a 11ª escolha do draft deste ano tem vindo a evoluir de jogo para jogo, e promete vir a ser uma peça importante nestes Spurs.
A principal referência da equipa é Keldon Johson, com 23 anos o jogador já conta com uma medalha de ouro dos jogos olímpicos no seu currículo, mas pretende mais e poderá ser um dos fortes candidatos ao prémio de “Most Improved Player” nesta temporada. A sua evolução é notável em vários aspetos, o seu jogo ofensivo é uma ferramenta cada vez mais otimizada, sendo neste momento o melhor marcador da equipa com média de 23 pontos por jogo.
Não muito atrás encontra-se Devin Vassell, que no seu terceiro ano de NBA também parece também estar a afirmar-se cada vez mais. Muito completo e coeso na defesa, Vassell tem vindo a melhorar os seus números ofensivos e é um dos jogadores mais apelativos de assistir nestes Spurs.
Por fim, há que mencionar Tre Jones, muitos podem não se lembrar mas este é o mesmo base que jogava com Zion e RJ Barrett na Universidade de Duke. Muito coeso defensivamente, Tre é o jogador com mais roubos de bola na equipa, mas também é um excelente distribuidor, e também poderá vir a ser mais uma surpresa esta época.
Uma equipa que joga com alegria, com paixão, sem quaisquer pressões numa temporada que serve única e exclusivamente para o crescimento. Estes Spurs podem ser uma das equipas mais disfrutáveis de assistir, só pela forma como atuam coletivamente e sem qualquer tipo de aperto ou responsabilidade.
O que se destaca nestes Spurs, é a maneira como entram em todos os jogos para ganhar, sem poupanças, sem rotações diferentes, sem truques para terminar nos lugares mais profundos da tabela. Algo que até pode vir a acontecer, mas com certeza nunca será por falta de empenho e compromisso.