Quando março sai ventoso, sai abril chuvoso.

Os Denver Nuggets têm sido sinónimo de consistência no que toca à temporada regular da NBA. Há cinco temporadas consecutivas que a equipa chega facilmente aos playoffs, onde acabam por desiludir. Este ano, encaminhados para encabeçar a conferência Oeste, os Nuggets começam a apresentar fragilidades que podem indicar mais uma prestação abaixo das expetativas na fase decisiva da época.

A equipa do Colorado conta com quatro derrotas consecutivas, sendo duas delas numa condição ainda mais preocupante. De todas as 25 vezes que Jokic alcançou um triplo-duplo, os Nuggets venceram. Porém, esta estatística caiu por terra frente aos Spurs, repetindo-se no domingo, na receção aos Nets. Poderá ser apenas uma coincidência irrelevante, mas a verdade é que comprova a forte dependência que os pupilos de Michael Malone têm do atual MVP da liga. Nas estatísticas da equipa, o sérvio é líder em pontos, ressaltos e assistências por jogo, assim como em eficácia de lançamento.

A verdade, é que com o aproximar dos playoffs, a equipa de Denver começa a apresentar vários indicadores que podem guiar a uma nova desilusão no “mata-mata”. Mesmo garantindo o primeiro lugar, os Nuggets arriscam-se a ter uma surpresa desagradável na primeira ronda, mais ainda pela luta acesa que existe pelos playoffs no Oeste. Mas porquê esta quebra de ritmo?

Michael Porter Jr e Jamal Murray são as duas grandes incógnitas dos Nuggets, que carecem de um Robin, neste caso, para o seu Joker. O canadiano voltou de lesão este ano, tendo protagonizado boas exibições e batido o record de mais triplos na história do franchise. No entanto, a sua inconsistência é visória, especialmente no lançamento. Como prova disso, basta olhar para as derrotas dos Nuggets esta temporada e analisar os números de Jamal Murray nesses devidos jogos. Quanto a Porter Jr, estabeleceu-se como uma promessa nos seus primeiros tempos na liga, mas as lesões tornaram-no num jogador instável e que passa completamente despercebido em certos jogos. Ambos os jogadores têm calibre de All Star, porém, não inspiraram total confiança e não se assumem como líderes na sua equipa.

A profundidade é um dos fatores a favor dos Nuggets, que possuem um plantel recheado de qualidade. Aaron Gordon é um desses nomes, o ex-Magic afirmou-se como um excelente “role player”, somando bons números para o papel que desempenha, mas acima de tudo, consegue alcançar bons números de eficácia grande parte das vezes. Assim como Gordon, Bones Hyland e Caldwell-Pope também oferecem bons números à equipa. Em sentido contrário, Reggie Jackson, que desempenhava um papel importante nos LA Clippers, ainda não se afirmou como uma peça útil para o puzzle de Denver.

Mas de nada serve falar de números ofensivos, quando o problema dos Nuggets passa essencialmente pelo outro lado do terreno. Apesar do primeiro lugar no Oeste e das 46 vitórias, os Nuggets ocupam a 15ª posição da liga no que toca aos pontos concedidos por jogo. Se formos a analisar, grande parte dos jogadores, são raros aqueles que vingam no jogo sem bola.

Contra uma equipa que aposte mais no jogo exterior e nas transições rápidas, os Nuggets podem quebrar facilmente. Basta olhar para o jogo de ontem frente aos Raptors, onde sofreram 49 pontos, apenas no primeiro quarto.

Esta fase pode ser fruto do habitual desgaste da temporada, no entanto, não pode deixar de gerar preocupação em torno da equipa. Com menos de uma dezena de jogos restantes, Michael Malone pode preocupar-se em rodar a equipa e começar a trabalhar numa tática para ultrapassar as lacunas defensivas do plantel. A nível ofensivo, a dependência de Jokic não será sinónimo de sucesso, esperando-se que Murray ou Porter se cheguem à frente.

Vasco Oliveira

Estudante de Ciências da Comunicação com o sonho de um dia poder trabalhar no jornalismo desportivo. @vascoliveira8 no Twitter

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