O fim de semana All-Star é uma “mentira”

No passado fim de semana, as maiores estrelas da NBA uniram-se para dar um espetáculo aos seus adeptos. Os dias ficaram marcados pelo concurso de três pontos, concurso de afundanços e o jogo das estrelas, o All-Star Game. Mas o evento está a direcionar-se para um canto obscuro, talvez culpa da própria NBA.

O All-Star Weekend já não é apelativo à grande maioria dos seus espectadores. Em tempos mais antigos, o fim de semana era puramente basquetebol, e em tempos mais modernos, já não é bem o caso. Desde “luzinhas” no campo durante os eventos, a decisões controversas a favor de outros interesses.

A NBA tem vindo a evoluir nos últimos anos, tanto em nível de talento dos jogadores, tanto num nível empresarial, porém, a liga tem assistido a um declínio na qualidade do seu produto no fim de semana mais importante da época, e, até agora, o pouco que fez para alterar, não tem funcionado.

Esta imagem tem um texto alternativo em branco, o nome da imagem é image-78.png

O All-Star Game terminou 221 – 186 a favor da equipa Este, estrelada por Giannis Antetokounmpo, Damian Lillard, Jayson Tatum e companhia, num jogo, que de forma histórica, tornou-se no encontro com mais pontos na história da NBA.

23 triplos. Não, não foram tentados 23 triplos por uma das equipas, pois esse número saltaria para os 97, neste caso, da equipa Este. Este número representa a quantidade de triplos que Damian Lillard lançou durante a partida, a maioria deles, não contestados. Este dado representa o mal deste jogo, ou seja, muito ritmo e pouca defesa. Não se está a pedir que as equipas defendam como se as suas vidas dependessem de tal esforço, mas pelo menos não deixarem um jogador “passear” até ao cesto.

Este evento é visto como um “jogo de exibição”, e, os jogadores não fazem nada para mudar essa narrativa. Um caso exemplar de como um jogo All-Star pode ser divertido e competitivo, aconteceu à cerca de quatro anos atrás, em 2020. Após o falecimento da lenda Kobe Bryant, os jogadores decidiram homenagear o “Black Mamba” ao fazer o All-Star Game competitivo, especialmente no último período, onde podemos assistir jogadas como um charge de Kyle Lowry no final do jogo, algo que hoje em dia, nem passa pela cabeça das estrelas da liga.

O verdadeiro problema não são os jogadores, pois são eles que dão a cara aos defeitos e erros da NBA. Adam Silver, comissário da NBA, já havia confirmado a mudança do jogo para Este x Oeste, para alavancar uma mudança na competividade das suas estrelas, mas como sabemos, a situação até piorou.

Solução

Vários adeptos do desporto e da liga já deram voz à sua insatisfação com o atual produto deste evento, e, alguns ousados já espalharam ideias nas redes sociais para tornar o jogo mais apelativo ao público.

As duas ideias que poderiam mudar a percepção dos jogadores são: a conferência vencedora ganha vantagem em casa nas Finais da NBA, ou seja, a equipa que representa a conferência vencedora nas finais, tem a vantagem de ter mais um jogo em casa, independentemente do registo da equipa na temporada regular.

A outra ideia seria premiar os vencedores com um cheque interessante, tal como foi feito com o In-Season Tournament, onde cada jogador da equipa vencedora (Los Angeles Lakers) recebeu 500,000 dólares americanos, desta forma, criando um ambiente mais intenso e desafiador.

A falta de Rigor

Durante o concurso de três pontos, no sábado passado, tivemos uma batalha digna de se assistir, onde Damian Lillard, superestrela dos Bucks, acabou por vencer na última bola disponível. Porém, a falta de exigência e rigor por parte dos oficiais do concurso, deixou um sabor amargo de quem realmente se importa com o que é justo ou não.

No exemplo abaixo, Karl Anthony-Towns, estrela dos Minnesotta Timberwolves e ex-vencedor desta prova, pisou a linha em algumas ocasiões nas suas tentativas de lançamento, mas todas contaram como triplos.

A “farsa” do Dunk Contest

Na prova de afundanços de sábado, para muitos a mais esperada da noite, existiram algumas decisões que deixaram os adeptos com a “cabeça em água”, entre elas: a presença de Jaylen Brown na final e a ausência de inovação nos afundanços.

Jaylen Brown esteve muito bem ao entrar no concurso, com a meta de puxar a participação das estrelas na prova nos próximos anos, porém, o base/extremo dos Celtics teve uma atuação pobre, com afundanços “banais” para o estatuto da prova, e, mesmo assim, garantiu uma vaga na final. Jacob Toppin, irmão de Obi Toppin, e jogador dos Westchester Knicks, teve uma atuação muito superior à de Brown e foi eliminado mais cedo.

É incrível como um afundanço super complexo e acrobático como o de Toppin não recebeu mais pontuação do que um afundanço simples e nada especial como o de Brown, que não só saltou por cima de uma celebridade de 1,60 m, como também fez a homenagem a Dee Brown ao contrário. A “dunk” tinha o propósito de ser feita com os olhos cobertos pelo seu braço esquerdo, mas não foi isso que aconteceu, já que JB só tapou os olhos no final do afundanço. A avaliação do júri sobre a dunk de Brown foi de 47.6 e a de Toppin foi de 47.2. Tirem as vossas conclusões…

Cada vez menos basquetebol

Não quero parecer um individuo que pensa ” o antigo era melhor”, mas neste caso, penso. A cada ano que passa é adicionada uma nova parte a algo tão simples. O All-Star Weekend é um fim de semana onde os melhores jogadores do mundo enfrentam-se e demonstram ao mundo toda a sua habilidade e carisma, não uma pista de dança colorida, com todo o respeito. Antigamente, eram cinco de um lado e cinco do outro, o melhor levava a bola para casa e a honra de ser a melhor conferência, hoje em dia, são 10 de um lado e zero do outro, os vencedores tiram umas fotos com os perdedores e está feito. Antigamente, cada jogador usava o uniforme da sua equipa (Era confuso? Era, mas trazia unicidade), nos dias modernos, existe sempre modelos e cores diferentes, como se isto fosse a Semana da Moda em Milão.

O jogo está sempre em evolução e está tudo correto, é normal. O que não é normal é o constante distanciamento do basquetebol puro durante o fim de semana mais rico da NBA.

Daniel Pimpão

Sou um apaixonado por basquetebol, vivo e respiro este desporto que nos tira horas de sono. Tenho 19 anos e um sonho de um dia ser um dos melhores jornalistas portugueses. Estou a tirar Comunicação Social em Abrantes, no âmbito de jornalismo. Olhar sempre para a frente, mas trabalhar com a cabeça para baixo.

Deixe um comentário