Houston Rockets: O morteiro do Texas

Quando pensamos nos Houston Rockets, pensamos numa equipa que, no sentido figurado, “bombeia” da linha de três pontos. Orquestrados pelo génio ofensivo, Mike D’Antoni, a equipa do Texas obteve registos históricos. Na época passada, mais de metade dos seus lançamentos tentados foram através do triplo (50.2%), a maior percentagem de sempre deste registo de “tiros exteriores” (dados disponíveis desde 1983/1984). Embora seja esta a tendência da “atual NBA”, o volume de lançamentos por jogo é surreal, comparativamente às restantes equipas. Vejamos na foto:

 

Ranking “Top 3” de tentativas de lançamento de 3 pontos por jogo (valores absolutos).

Como podemos concluir da tabela acima, verifica-se a completamente absurda quantidade de triplos lançados. Um número bem acima do 2º e 3º lugar, Brooklyn e Toronto, respetivamente.

 

O MVP: James Harden

O James Harden é provavelmente o melhor jogador do mundo em iso plays (jogadas de 1 para 1) e um dos jogadores mais difíceis de marcar da liga (é capaz de ganhar faltas de todas as maneiras).

Tem um arsenal ofensivo que nunca mais acaba. Atrevo-me a dizer que é o melhor jogador da atualidade nesse capítulo.

Da parte do The Beard, espera-se mais uma época ao nível de um MVP como nos habituou. Não menos importante, é ele a personificação das aspirações dos adeptos, é ele o quem comanda o sonhos dos mesmos. Digamos que, para além da responsabilidade desportiva, tem também uma responsabilidade emocional para com os fãs. Tarefa bicuda!

O Maestro: Chris Paul

Com o objetivo de ajudar e diminuir a usage rate do Harden, chegou à equipa de Houston na época passada, Chris Paul. Muitos duvidaram da dupla CP3-Harden por serem dois ball dominant, mas essas dúvidas foram desfeitas após meia dúzia de jogos. A combinação não poderia ter sido melhor! Desde as assistências categóricas às iso plays desconcertantes, o jogador natural da Carolina do Norte, marcou uma diferença significativa na equipa entre causar uma réplica aos Warriors e levar os Warriors a enfrentarem 2 jogos de eliminação.

No meio disto tudo, convém não esquecer que o 8 vezes All-Defensive Team, continua a fazer jus ao currículo.

Como um jogador que aposta pouco no seu atleticismo, Paul envelhece “graciosamente” e dá a sensação de não ter saído dos 30.

Apesar disso, CP3 só foi a jogo em 58 ocasiões na época regular 2017/2018, e não esteve apto fisicamente nos dois jogos mais importantes da temporada (jogo 6 e 7 na série contra os GS Warriors). A tendência para as lesões em momentos fulcrais sempre foi o seu maior contratempo ao longo da carreira, e essas mazelas vão afetando a longevidade do jogador. Tem 33 anos agora e fará 34 anos quando os jogos já forem a doer. Mesmo assim, os Houston Rockets assumiram o risco e decidiram oferecer um contrato máximo ($160M/4 anos) para continuar a contar com os serviços da estrela veterana.

 

O guarda-redes: Clint Capela

Durante esta offseason, os Houston tinham a obrigação de assinar o Restricted Free Agent de 24 anos. O poste suíço é o complemento perfeito para esta equipa. Trata-se de um excelente ressaltador e um protetor de cesto extremamente confiável. É um jogador preponderante tanto na manobra ofensiva como na defensiva, destacando-se individualmente nesta última.

Clint Capela, o também dominante no pick and roll (o Harden que o diga), afirmou-se como um dos melhores postes a atuar na NBA. Na época 2017/2018, obteve média de duplo-duplo (com pontos e ressaltos) e fez cerca de 2 blocos por jogo. Repito, jogador fundamental.

 

A dúvida: Carmelo Anthony

A dúvida nunca será se o Carmelo tem talento. Estamos a falar de um dos melhores jogadores da sua geração e um dos melhores marcadores da HISTÓRIA da NBA (com 25.417 pontos). A grande dúvida é se o Melo vai ajustar o seu jogo à idade e às limitações que a mesma traz. Com Harden e CP3 no Top5 de eficácia em iso plays, ele terá que meter na cabeça que se deve tornar cada vez mais num role player (abdicando das jogadas de 1 vs 1). Este gráfico apresenta uma tendência que me dá alguma “esperança” quanto a uma boa prestação do nova-iorquino:

No capítulo defensivo, até ver como se vai adaptar, Carmelo é uma completa nulidade. Num contexto de playoffs, é por aqui que as coisas podem correr muito mal.

O Sistema:

A equipa beneficia de ter o melhor e mais profundo conjunto de jogadores off-ball da liga, mesmo tendo perdido Luc Mbah a Moute e Trevor Ariza. Todos conseguem jogar sem bola, e todos são uma ameaça nas suas funções.

O ataque dos Rockets consiste, essencialmente e resumidamente, no seguinte:

  • colocar os lançadores de elite no lugar certo, à hora certa, para aproveitar a obsessão da equipa contrária com o Harden e o Chris Paul.
  • Essa obsessão de trancar umas das estrelas da companhia, também leva a que o Capela apareça sozinho debaixo do cesto, por diversas ocasiões.
  • E claro, as jogadas individuais da dupla dinâmica. Não fossem eles dois dos melhores jogadores da liga no 1 para 1 e a terminar debaixo de cesto.

Noutras palavras: se tu arranjares forma de limitares o Harden e o CP3, existem outras armas em campo que te podem ferir.

Por outro lado, as perdas que eu referi anteriormente (Luc e Trevor) tinham um grande impacto no processo defensivo da equipa. E digamos que o Melo já não defende há uns tempos…
Estou curioso para ver o que poderá ser esta equipa Melo.

 

 

Assim de uma forma simples: estes são os Houston Rockets versão 2018/2019, um dos principais candidatos ao título.

Fica a pergunta: chegará para destronar os bi-campeões?

 

Obrigado pela leitura!

 

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