Das ruas de Seattle até ao All-Star Game.

Dejounte Murray foi chamado pela primeira vez ao All Star Game, o jogador dos Spurs entra para o lugar do lesionado Draymond Green, que já tinha manifestado o desejo de ser substituído pelo mesmo. O jogador reagiu na rede social Twitter, colocando um post em que revela algumas das dificuldades que ultrapassou para chegar a um dos patamares mais ambicionados da NBA.

Natural de Seattle, Dejounte começou a frequentar as ruas aos 11 anos, tendo sido exposto a problemas com drogas e crimes em tão tenra idade. O jogador admitiu ter sido detido diversas vezes, mas afirma que a sua vida mudou no seu segundo ano de secundário, quando começou a construir uma relação com Jamal Crawford. O veterano jogador, que jogou pela última vez na temporada 19-20, foi uma peça fundamental para o crescimento de Dejounte, encorajando-o a deixar a vida que tinha, e começar a treinar e ter boas notas, pois achava que o jovem tinha talento para a NBA.

Ainda na “high school” o jogador começou a ter números fantásticos, algo que o levou a ingressar na Universidade de Washington, onde esteve apenas um ano, declarando-se ao draft da NBA em 2016.

O jogador era apontado à “green room” (onde estão grande parte dos jogadores que são previstos para ser escolhidos nas primeiras posições do draft), mas, segundo afirma o jogador, diversas equipas “passaram” Dejounte por terem conhecimento do seu passado ligado ao crime e às drogas, tendo caído para a 29ª posição, escolhido pelos San Antonio Spurs.

Num plantel dos Spurs recheado de estrelas como Kawhi Leonard, Tony Parker, Manu Ginobili e LaMarcus Aldridge, juntando-se ainda o lendário treinador Gregg Popovich, Murray não podia ter tido melhor “escolinha” na sua chegada à NBA, até mesmo pelas características do seu jogo.

O jogador estreou-se no decorrer da época 16-17, tendo realizado alguns jogos. Marcou 24 pontos numa vitória frente aos Denver Nuggets, tornando-se no jogador mais novo da história dos Spurs a chegar a este registo, batendo o record de Tony Parker. Teve ainda uma participação nos playoffs, onde ajudou os Spurs a ultrapassar os Rockets na segunda ronda, conseguindo um “duplo-duplo” no jogo 6, o derradeiro da série.

Na época 17-18 o jogador começou a ter mais minutos, e crescia a olhos vistos. A consistência defensiva que apresentava fez com que fosse nomeado para a “All Defensive 2nd Team”, batendo o record de Kobe Bryant e tornando-se no jogador mais novo da história a integrar uma “All Defensive Team”.

Como Murray era dado como o futuro base titular da equipa de San Antonio, os Spurs deixaram sair Tony Parker para que na época 18-19 o jovem de 22 anos assumisse a posição. No entanto, num jogo de pré época frente aos Rockets, Murray lesionou-se, e após expectativa foi diagnosticado com uma lesão do ligamento cruzado anterior, tendo ficado de fora para toda a época. Era o pior cenário para os Spurs, que já tinham sofrido com a perda de Kawhi e de Ginobili no verão passado.

Chegando à temporada 19-20, Murray voltou e assumiu de imediato a titularidade na posição de base dos Spurs, não tendo apresentado grandes números, até porque não era um jogador de lançar muito durante o jogo. Na época 20-21 notou-se uma evolução, com o jogador a subir as suas médias e a apresentar-se mais consistente no lançamento. À entrada para esta temporada 21-22, e com a saída de DeRozan dos Spurs, esperava-se que Murray tomasse as “rédeas” da equipa, algo que acabou por se concretizar.

Apesar do record de 20-34, Dejounte Murray tem sido um destaque esta temporada, conseguindo já 10 triplos-duplos (perto de bater o record do franchise), e tendo médias de 19.6 pontos, 8,4 ressaltos, 9.2 assistências e 2.1 roubos de bola por jogo, sendo o “faz tudo” da equipa de San Antonio.

Ansiava-se a chamada ao “All Star Game”, algo que não aconteceu numa primeira instância, mas que após a lesão de Draymond Green se tornou realidade. O próprio jogador dos Warriors admitiu querer ser substituído por Murray.

Além de ser importante para Murray, esta chamada também é muito boa para os Spurs, que conseguem voltar a colocar um jogador no All Star Game, desde Aldridge em 18-19. Abre-se também assim uma luz ao fundo do túnel na “rebuild” que se vai desenvolvendo no Texas.

Vasco Oliveira

Licenciado em Ciências da Comunicação com o sonho de um dia poder trabalhar no jornalismo desportivo. @vascoliveira8 no Twitter

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